Por Pedro Palhares, Gerente do Moovit no Brasil
É fácil imaginar a cena: você está caminhando para um ponto. Vira a esquina e vê que seu ônibus está parado lá. Corre para alcançá-lo mas, quando está quase chegando, o motorista acelera e sai… Quem já viveu isso sabe a frustração que é.
Uma das missões do Moovit, empresa israelense da qual sou gerente geral no Brasil desde 2014, é fazer com que isso seja só uma memória distante. Nosso aplicativo de mobilidade urbana é usado por 1.7B de pessoas em 112 países, seguindo uma premissa simples: apresenta, com informações em tempo real, opções variadas de rotas combinando diferentes modais de transporte, micromobilidade e caminhada. Inclui ainda as estimativas de valor das passagens e de tempo de chegada ao destino.
É bem intuitivo, e a base para tudo isso são os dados. Em uma sociedade cada vez mais conectada, tudo o que fazemos gera informações. Não seria diferente com a mobilidade. O Moovit foi construído em cima disso, e hoje reúne o maior repositório global de dados anônimos sobre mobilidade, que coleta 6 bilhões de pontos de dados todos os dias. A gente acredita que uma boa política de dados abertos pode fazer muito para tornar as cidades mais integradas, mais sustentáveis, mais inclusivas, enfim, mais simples de se transitar e de se viver.
Falta de dados
A empresa nasceu em Israel justamente por conta da falta de dados. Um dos fundadores ficou sem carro e passou a depender de transporte público. As informações sobre linhas e cronogramas só estavam disponíveis em tabelas nos pontos e estações, quase sempre desatualizadas. Era a oportunidade para deixar esses dados mais acessíveis, o que beneficiaria milhões de passageiros.
O crescimento global do Moovit – estamos presentes em mais de 3,500 cidades – foi canalizado por dois fatores: governos compreendendo que, para criar cidades mais inteligentes, era essencial oferecer dados de transporte público; e uma comunidade global de voluntários digitais que mapeia, checa e edita informações sobre mobilidade, para ajudar outras pessoas a transitarem por suas cidades. Nós os chamamos de Mooviters, e já são mais de 750 mil.
O Brasil tem um papel especial nessa trajetória, e é um dos mercados prioritários do Moovit. São Paulo é uma das cidades onde o Moovit é mais usado no mundo, algo facilitado pela política de dados abertos adotada pela administração municipal, mantida por diferentes gestões. João Pessoa foi a primeira cidade integralmente adicionada à nossa plataforma pela nossa comunidade. Temos uma relação de proximidade com do Rio de Janeiro desde que o Moovit foi escolhido app de mobilidade oficial da Rio 2016, e somos o único app de mobilidade presente em todas as 27 capitais e no Distrito Federal.
Bom para todos
Gostaria de usar esse espaço para falar sobre isso: como os dados podem beneficiar toda a cadeia da mobilidade urbana. É bom para os passageiros, que obtém informações atualizadas para ganhar tempo e fazer a melhor rota. É bom para as prefeituras e estados, que ganham mais transparência sobre o uso do transporte público e podem usar uma ferramenta poderosa para identificar gargalos. E é bom para as empresas e operadores, que conseguem visualizar um retrato fiel da sua operação para torná-la mais eficiente.
Tudo isso será amplificado por novas tecnologias e tendências que usarão dados de maneiras que ainda não conseguimos imaginar. Este foi um dos fatores que levou a Intel a investir quase 1 bilhão de dólares na compra do Moovit, há alguns meses. A mobilidade é um dos setores que em pouco tempo mais passarão por mudanças. Fazer parte de tudo isso é muito empolgante. E, certamente, dará assunto para muita discussão.
Texto publicado originalmente no Mobilidade Estadão em 01 de setembro de 2020.