Por Pedro Palhares
Um aviso: este texto vai para uma redação escolar para “Minha Férias”, mas prometo que é para descrever o que está no título.
No último mês, após mais de dois anos e uma pandemia, a equipe global do Moovit conseguiu se reunir na sede da empresa em Tel Aviv, Israel, para um workshop de avaliação e planejamento. Aproveitei esses dias por lá para testar na prática um projeto implementado com o Ministério dos Transportes do país e que dá um indicativo de como a nossa jornada no transporte público pode ser mais simples.
Em 2020, o governo israelense fez uma chamada para empresas de tecnologia e mobilidade que quisessem integrar uma plataforma unificada de pagamentos para transporte público. A ideia é simples: usar um app de mobilidade urbana não só para planejar os trajetos, mas também para o fazer o pagamento, direto ali na palma da sua mão, de todos os modais envolvidos na viagem.
O Moovit, associado a um aplicativo local para pagamentos, foi uma das empresas que entrou para a empreitada — e, sem querer me adiantar, hoje tem a maior fatia do mercado israelense, com base em sua enorme popularidade. E como funciona: após criar uma conta utilizando o próprio aplicativo e incluir os dados do cartão de crédito, basta usar a câmera para validar QR codes em ônibus, trens e VLTs no app do Moovit e realizar o pagamento.
As vantagens para o passageiros são várias: além de ganhar tempo evitando filas de bilheteria, o valor das passagens é cobrado de forma que sempre o beneficia. Por exemplo, se você usa todos os dias da semana, é cobrado um passe semanal em vez de viagens individuais. No meu caso, paguei quatro viagens de ônibus em Tel Aviv e o valor do trem até Jerusalém combinado com o VLT na cidade.
Como turista, achei vantajoso não precisar comprar um cartão de transporte, que não seria reutilizado e que costuma deixar um saldo residual após uma viagem, e não precisei fazer câmbio ou usar dinheiro em espécie.
Para operadores e empresas de transporte, as vantagens estão na redução de custo com pessoal e de compra e manutenção de equipamentos — não são necessários validadores, somente adesivos com os códigos a serem escaneados — além do controle eletrônico das passagens pagas via aplicativo.
É importante colocar as coisas em perspectiva: Israel é um país de menos de 10 milhões de pessoas, com a extensão territorial equivalente ao estado de Sergipe. Implementar um projeto nacional de MaaS no Brasil, ou mesmo em um estado ou uma grande região metropolitana, é algo mais desafiante.
Mas a experiência israelense aponta um caminho que imagino ser inevitável. Em breve, também será possível pagar por serviços de micromobilidade nesta plataforma – as patinetes e as bicicletas compartilhadas que são incrivelmente populares em Tel Aviv.
Caso você queira saber mais sobre este projeto, recomendo a leitura de um estudo de caso no site do Moovit.
Texto publicado originalmente no portal Connected Smart Cities